Nós
O mar tem demasiado sal. Muito sal mesmo. Enxugo as lágrimas que vêm da maré alta. Do vaivém das marés. Reconheço cada grão de sal como parte de uma vida inacabada, e desvaneço-me em cada onda só para ter um sinal de ti. Um sinal de mim.
Nós.
Saio de mim, volto a sair. Sem ter entrado. Circulo perfeito sem retorno, sem paz, sem alma que afague o sal grosso que há em mim. Limito a acção da alma às pequenas coisas. A tudo o que tem verdadeiramente importância. O pormenor de uma vida. Síntese perfeita de emoções, de devaneios. Cristalizo momentos. Com o sal que faz parte de nós. Que nos diz baixinho que quer voltar ao mar. Consolo e tormento. Alma pequena demais para sentir tanto e tão pouco. O que se quiser. Ou o que se puder. Sentir.
Nada em mim é igual a ontem. Só o essencial é parecido. És parecida com o ontem da minha vida e no entanto és presente. Estás presente. Como a Lua que ilumina os meus sonhos, pela fresta da janela do meu quarto entreaberta. Nunca pedes para entrar. Pela janela. Pela minha vida e alma adentro. Entras e pronto. E dói quando raspas no sal que me preenche. Quando me chamas dentro de mim e tocas na saudade que me sustenta. É a vida que levo e que tenho. A vida com e sem ti. Não é muito. Nem pouco.
É.
4 Comments:
FANTÁSTICO, LINDO (este e os outros textos)!!! ... não sei dizer mais nada...
...quem me dera ter “um pouco” dessa tua alma infinita de poeta !!!
Helena Menezes
Obrigado pela visita Helena... :)
Fico contente por teres gostado! :)
Não tarda tás a publicar ou a ir ao Choque de Gerações ahah
Abraço
Ah,ah.....
Bem...A primeira suscita-me mais interesse, até porque ainda não vi o programa..Já vi a referência no teu Blog e espero segui-lo com atenção ;)
Abraço
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